Cotidiano Serelepe

Surpresas e sustinhos da minha vidinha sem-sal

segunda-feira, maio 29, 2006

Le Petit Prince

Engraçado como as coisas acontecem de novo e de novo comigo! Será que Deus me acha meio burrinha e fica repetindo pra ver se eu entendo? Acabei de pensar nisso...
Bom, o fato é que eu sempre aprendo alguma coisa em cada experiência e minha mochila vem acumulando algumas preciosidades. Nos últimos dois dias eu aprendi que estar presente vale muito; que chorar junto não exige lágrimas, mas um coração disposto a compreender quando o verde dos olhos não está tão límpido. Aprendi que todos temos o 'poder de cativar' e que todos somos vulneráveis a ele. Isso pode ser um problema já que sempre haverá uma serpente e uma passagem de ida pra bem longe, mas eu sempre terei as estrelas que sabem rir. Sempre terei os ícones do post aí de baixo. Tá vendo por quê eu não os jogo fora?! rsrs
Este fim de semana eu ganhei o Little Prince de volta!

sexta-feira, maio 26, 2006

Quem tem memória tem história


Continuo olhando pra dentro e fazendo faxina. Tento porque tento me livrar das coisas, mas é igual àqueles desenhos de quando a gente é criança e não sabe desenhar, mas identifica a família inteira naquele monte de bolotas. Anos depois, os papéis já amarelos e tendo as bolotas perdido todo o significado, ainda guardamos os desenhos. Eles são a prova de que fomos inocentes, felizes e fofos até que o mundo veio e disse que não passavam de bolotas! Vai ver é por isso que não me livro de um monte de ícones. Eles sempre me lembrarão de que é possível sorrir inteira.

segunda-feira, maio 22, 2006

Chatice na Alma

Boa parte do fim de semana eu passei fora de casa tentando sorrisos verdadeiros que não vieram. 'Como você está?' Estou em pé, caminhando. Estou bem, não estou ótima. Ainda não morri, mas vejo tudo muito sem graça... Não sou mais tão firme, não aparento mais a mesma força. Parece que eu estou me faltando e não gosto de pensar na estranheza disso. Olho pra dentro e sinto uma falta tremenda do tempo em que eu era pragmática e me sentia protegida com meus espinhos. Ledo engano, me disseram.
Me disseram pra despojar algumas coisas da minha bagagem (porque ninguém voa com os pés no chão) e eu troquei meus óculos por feijões mágicos. Plantei-os para o bem, para o exercício da convivência, da esperança e do tão valioso dom de sonhar acordado. Devia tê-los comido e a mágica se faria dentro de mim, instantânea, como era da vontade.
Agora essa fragilidade, esse frio, essa falta, esse não-sei-quê, essa chatice na alma toda vez que me olho por dentro.

quinta-feira, maio 18, 2006

Repetecos

No primeiro semestre da facul, a professora de Evolução Literária (nossa querida Mariazinha) falou que o Homero usava as repetições pra o povo saber contar direito a história, já que não sabiam ler. A minha repetição favorita está na Odisséia ”então Aurora, com dedos cor-de rosa, surgiu matutina". Toda vez que amanhecia, Aurora aparecia e eu achava lindo! Mariazinha também dizia que todo herói tem uma missão. Sim,... e?
E, que ontem aconteceu um negócio que eu fiquei pensando... Mesmo que minha vidinha sem-sal não seja nenhum poema épico, é quase certo que em breve eu veja " a Loucura com olhos cor-de-chocolate" outra vez e ninguém pode negar que eu tenho andado por 'mares nunca dantes navegados' (Os Lusíadas) e que este último ano está sendo uma complicação. Tomara que siga os exemplos dos heróis vitoriosos e não encontre nenhum Tirésias que me faça furar os olhos.(Édipo)

terça-feira, maio 16, 2006

Curtas

* O reitor indeferiu o nosso pedido e minha noite de domingo foi terrível. Cês não tão entendendo: eu TENHO que me formar este ano! No dia seguinte, mesmo com o final do Plano de Curso pra fazer, porém sem conseguirpensar em nada, fui pra uma reunião lá na reitoria. Expusemos tudo à chefe do gabinete, que nos recebeu com atenção depois de 40 mim de atraso. Feitas as anotações sobre fatos que não constavam no primeiro requerimento, saímos de lá com alguma esperança e a certeza velada de que vamos recorrer até a última instância.
* À tarde consegui, finalmente, terminar o planejamento para as quatro unidades de cada série do Fundamental II. (é isso que é Plano de Curso viu, Pessoas?) Mas foi no horário limite pra aula de Lit. BrasileiraIII e eu nem li direito o tal texto do trabalho.
*Reunião de equipe, eu com fome e uma criatura que não entende quando eu digo: 'eu não li, então não posso tirar suas dúvidas!' Gente, é sério, eu não gosto de ser líder de nada. Eu quero ficar na minha, fazer parte. Quero ser peça da engrenagem, não o botão de liga-desliga! Eu não tenho nada contra ajudar, mas ajudar não é fazer o mais difícil, nem sozinha, é fazer junto. Se é seminário 'Elisa e quem pra falar?'; pra ir na sala de Socorro 'Chama Elisa!'; é reivindicação ou é declaração de amor 'Elisa escreve!' Ahhhh também, me largue! Levantei, larguei tudo lá e fui comer um acarajé. Quando voltei, o professor tinha mudado a data da apresentação pra segunda -feira. :) Parece que a solução é eu sair de perto, mas eu não vou morrer só pro povo desasnar né? Assim não tem graça!

domingo, maio 14, 2006

Necessidades

Arms of a Woman
Amos Lee
I am at ease in the arms of a woman
Although now most of my days are spent alone
A thousand miles from the place I was born
But when she wakes me she takes me back home
Now most days I spend like a child
Who’s afraid of ghosts in the night
I know there ain’t nothing out there
I’m still afraid to turn on the light
Pode ser que o cara tenha feito isso com outra intenção, mas eu só consigo ver uma mãe com seu bebê quando ouço esta música! E há dias em que nos sentimos meio precisados de colo, dias nos quais a gente gostaria de ser o Burro e 'fingir que é outra pessoa'. Os pensamentos cor-de-nada parecem influenciar o clima e a gente só precisa do Abraço de Parar o Mundo. Eu falo sobre ele há anos, mas nunca disse o que significa pra mim.
O APM (pra facilitar, né Pessoas?!) é aquele abraço solidário, dado com sinceridade, que diz 'Se vc quiser, eu subo o Everest com vc!' É quando os braços se transformam numa manta, quentinha e aconchegante, e o abraçado se sente seguro. Nada de chacoalhar o abraçado de um lado parar o outro como ele fosse uma árvore e o fruto-resposta-para-tudo fosse cair do alto! E nada de ficar falando abobrinha, nem antes nem depois, porque no APM é hora de ouvir. Dá pra ouvir os corações cantando, e quanto mais acelerado o ritmo, a depender da situação, mais triste é a música.
Tá cada dia mais difícil achar um bom APM. Até hoje eu só conheci duas pessoas capazes dele e nenhuma das duas criaturas estão mais por perto. Um nem lembra mais que eu existo e o outro está caminhando para isso. Está apenas distante. Tsc! :/ Mãe não sabe dar APM porque não se contenta com abraço, quer carregar a gente e resolver tudo por nós. Aí não dá certo! APM é pra repor a bateria, é pra me fazer ficar leve e voar outra vez, é meu RedBull!

quinta-feira, maio 11, 2006

De volta ao mundo real

Como diria a aquela música do PatoFu 'será que isso é bom ou ruiiiim?' O fato é que ontem eu voltei a ser teacher, agora numa outra escola, mais próxima de casa, com menos turmas, menos dinheiro e mais exigências que a anterior. Não me considero feliz, estou apenas vivendo e olhando para o meu alvo. Na faculdade as coisas estão caminhando tensamente para o fim e os problemas continuam aparecendo.
O reitor ainda não liberou a turma de Metodologia do Inglês e só temos até o dia 20 deste mês pra começarmos as aulas. O prof de Lit. Brasileira III resolveu que a turma fará um seminário sobre Macunaíma, mas sem 'show pirotécnico'(leia-se data show)! Tudo bem se minha equipe não fosse a primeira e apresentação não fosse pra próxima aula! Entre-olhares da equipe na minha direção e eu me vi de pé dizendo um 'Eu protesto!' pra o Prof mais problemático da facul, que no semestre passado reprovou uma turma de formandos quase inteira . Medo. Ele riu e disse que eu podia protestar o quanto quisesse. Mais medo, só que eu não me dobrei. Falei um pouco e 'Segunda não, quarta. Pra manter a qualidade.' Pra quê eu falei isso? Agora a gente vai ter que suar pra manter o rendimento da Unidade I. ( 9,0 , desculpa tá?!)
Problema é que eu tenho que fazer um Plano de Curso pra escola nova, fora que a coordenadora é daquelas que gosta de ver tudo com antecedência. Hoje seria o dia de fazer isso, mas eu não consigo simplesmente cuidar dos meus afazeres pessoais e deixar a casa de pernas pra cima do jeito que estava. Chão sujo me dá agonia! Faria à tarde, mas fui revalidar o SalvadorCard, porque minha mãe não entende que teríamos até o dia 31 pra fazer isso.
"Sometimes I feel very sad" é a frase dos dias. Eles só passam correndo quando a gente não quer que isso aconteça! Isso me cansa e me deixa triste porque me sinto incompetente, com um monte de coisas. I Just Wasn't Made For These Times, do Brian Wilson, cantada pelo Sixpence None The Richer, aquisição beagaense, tem tocado religiosamente todos os dias.

terça-feira, maio 09, 2006

'E quando eu vou voltar, quem vai saber?'

Comecei a ficar triste quando entramos no Mercado Central. Sabia que aquela era minha última parada acompanhada de meu tão solícito anfitrião, que parecia sentir o mesmo pesar que eu. Despedimo-nos tristemente. Não gosto de despedidas e deve ser por isso que eu, fisicamente, não olho pra trás. Não queria vê-lo ir e me sentir perdida, mas foi bem o que aconteceu. Só que deu tudo certo no final.
Voltar...verbo esquisito, tantas conotações e sentimentos num só significado. Consegui um assento na janelinha e o céu estava limpo. Deu pra ver direitinho o tapete de lurex que é Belôrizonte à noite e o aperto no coração foi sentido com mais vigor. Estava deixando Raulzinho, no começo um leitor assíduo, agora um grande e querido amigo que se recusou a tirar foto minha com óculos escuros porque não dava pra ver as janelas da alma! Ele é exatamente do jeitinho que eu imaginava que fosse, mas já que ele não gosta, não digo! Deixei também Beca, tão pra sempre querida. Mais de uma vez separadas pela dupla tempo-distância e ainda somos tão ligadas, tão parecidas, quase cúmplices. Fiquei realmente feliz por tê-la visto bem, segura, amparada, feliz e em paz, depois de tudo.
Pensando nisso não consegui me conter e chorei vendo os pedacinhos de luz lá embaixo. Pensei em meus amigos antigos e recentes, na minha mãe, em mim mesma... o que vai acontecer quando eu conseguir voar?

domingo, maio 07, 2006

Intertextos

Obs muito importante: eu estou com muito sono, então o texto não vai ficar bom, certamente!

Agora à noite fui ao teatro. Assistimos a 'Quando Você não Está no Céu', de Edmundo Novaes Gomes. Adorei desde o primeiro segundo porque reconheci, na primeira cena, a parte final do único livro de Saramago que li até hoje: Todos os Nomes. É justamente a parte do livro que 'conversa' com o mito do Minotauro. Acho muito bala a coisa do fio de Ariadne, que possibilita o retorno do herói do mundo dos mortos à glória de permanecer vivo. E a peça começa com este fio de esperança... que é cortado de uma só vez no final. Além deste texto, era possível notar a influêcia do 'Inferno' de Dante, mas desse eu não falo porque não li ...ainda.
E eu sigo adorando tudo!

sábado, maio 06, 2006

Amanhecer no Céu

"O que vai acontecer de bom já está marcado bem naquela estrela. E é só você pedir que a estrela transforme em realidade o que voce sonhar!"

Estava tocando exatamente esta música, que eu não sei de quem é, no momento em que o sol estava nascendo. E eu ali, do lado dele e sem poder trocar os olhares conversadeiros tão comuns nesses nossos raros encontros. Tentei olhar pela janelinha do casal do outro lado do corredor, já que a criatura, cuja janela eu compartilharia, resolveu fechá-la e dormiu a viagem inteira. Não tive coragem de sugerir a troca de lugares quando tive oportunidade e agora tinha que ver o Sol por janelas alheias! Isso dá muito o que pensar... oportunidades que se ganha e se perde pelo simples fato de nos preocuparmos com os julgamentos que vamos receber. Saudades de Mim, que não se preocupava tanto com coisas assim...
Estou vivendo um exemplo disso na prática. Tenho plena convicção de que eu não estaria aqui se não tivesse fechado os olhos pra o que meus pensamentos supuseram. Não teria sentido a adrenalina da minha primeira viagem de avião, não teria conhecido a Jamile, da Secretaria de Educação do Estado de Minas, nem teria me feito contato dela em Salvador. Não reencontraria a Beca, minha primeira 'melhoramiga', em quem não dava um abraço havia mais de quatro anos. Não veria tudo de bonito e interessante que estou vendo, nem conheceria Vivi e Elisa, nem constataria que o mundo é outra coisa visto do alto dos pêlos do coelho!

quinta-feira, maio 04, 2006

E-mail

Bom, lhe compreender não é tarefa fácil, mas é uma delícia tentar e é por isso que Eu lê você. Ás vezes Eu acha que está quase lá e então é surpreendida com outra faceta desconhecida... São tantos em você! É tanta gente pra Eu ler neste livro tantas vezes editado...
Onde está o orginal? Qual dessas Personas, que vêm a público em fascículos, é aquela que tirou Eu do casulo e levou pro céu do céu pra construir paredes nas nuvens do sonho? Qual delas quebrou as duas asas e esqueceu de dar o chão pra Eu? E qual delas está enganada pensando que Eu parou de chorar?
Eu chora e olha pra trás, pois aprendeu em seus próprios escritos, que isso evita sustos vindos do Mal. Eu vai continuar olhando pra trás de vez em quando. E embora não tenha mais asas pra serem quebradas, Eu quer evitar ciladas.

Divas

Esta semana na Sessão da Tarde, eu assisti, pela milionésima vez, a cena em que a Toula ajeita a roupa cor-de-rosa em 'Casamento Grego'. Era nesta cena que começava a minha identificação com ela numa época de minha vida em que eu me sentia um ET; uma coisinha esquisita e fora de seu ambiente, tentando uma adaptação frustrada. A memória da gente é incrível... Lembrei de 'Noiva em Fuga', uma comédia romântica inofensiva que me fazia ter crises de choro. Tudo porque a Meg não sabia exatamente como gosta de comer ovos, apesar de jurar que sim. Eu morria de medo de ser como ela e que o medo da solidão, sem que eu percebesse, me transformasse numa folha em branco, pronta para receber impressões alheias. Sempre tive medo de ser igual demais.
Sobre os medos, Bridget sempre foi meu fantasma pessoal, desde que li seu 'Diário...'! Ainda assusta me imaginar com mais de trinta anos, descabelada e sozinha em casa num sábado à noite, tomando sorvete em cima na minha cama enoooome, ouvindo 'All by Myself', mas eu sei que isso não vai acontecer! Não vai, não vai!
A última vez que ''me vi'' no cinema foi nas atitudes da mamute da 'Era do Gelo 2' ! Não ria não, porque ela é maravilhosa tá?! Acompanhe meu raciocínio: primeiro, ela não tinha ciência de seu potencial até encontrar um semelhante. Eu também. Daí tem uma fala brilhante: "Mamutes, se arriscam demais só porque são grandes. Parecem que não têm medo de morrer.'' Ou é qualquer coisa parecida com isso... o fato é que, diante de uma situação de perigo, ela retrocede porque conhece seus limites. Fora a inteligência, ela também é engraçadinha e teimoooosa, adorei esta mamute!
Creio que identificação com personagens é uma coisa normal, é como se identificar com aqueles que nos cercam. A diferença é que, no cinema, somos "obrigados" a prestar atenção às pessoas, pois teoricamente aquele será nosso único contato com suas vidas. Durante a Sessão da Tarde eu fiquei pensando que eu não tenho mais a Fatoula Portokallos, nem a Meg Carpinter dentro de mim e que a Bridget Jones já está procurando outro imóvel nos classificados! Cada dia que passa minha folha de papel está mais cheias de impressões e é ótimo perceber que elas são minhas, mesmo que tenham sido fruto da convivência com outros meio-iguais.

teste da casa nova