Cotidiano Serelepe

Surpresas e sustinhos da minha vidinha sem-sal

terça-feira, janeiro 30, 2007

Outras palavras... Palavras alheias

O Que Será
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque

O que será que me dá que me bole por dentro
Será que me dá
Que brota a flor da pele será que me dá
E que me sobe as faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo me faz implorar (ah, isso não!)
O que não tem medida nem nunca terá
O que não tem remédio nem nunca terá (fale sério!)
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente que não devia
Que desacata a gente que é revelia
Que é feito aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos toda alquimia
Que nem todos os santos será que será
O que não tem descanso nem nunca terá
O que não tem cansaço nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro será que me dá
Que me perturba o sono será que me dá
Que todos os ardores me vem atiçar
Que todos os tremores me vem agitar
E todos os suores me vem encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz suplicar
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem juízo

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Esquema ou Falaremos sobre isso, mas agora não!

*Casório: última semana. Eu estou mais calma, o que não significa que os probleminhas não estejam na minha fente.
*Dona Alfafa: na verdade, a senhora talentosa e simpática que vai fazer o bolo dos meninos. Ela está atrás de um braço direito na administração da empresa e eu fiquei com a vaga! Aêêê!
*Coração: digamos que eu não sei lidar com uma coisa que está acontecendo... É por isso que eu não gosto de restaurante self-service! São opções demais e a gente acaba não pegando o pedaço de frango grelhado porque não combina com lasaña! Por enquanto, só adianto que tudo não passou de conversa e minha segurança está garantida nessa nuvem de incertezas que as palavras proporcionam. O problema é que essa situação é provisória e eu não sei, memo, até que ponto isso é bom.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

"Mire veja" que coisa linda!

" ... sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro, brota é depois."
João de Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Família ê, família á

Passei o findi na casa de meu pai. Interessante como as coisas mudam de figura quando, em vez de 3 ou 4, você passa 48 horas dentro de uma casa com pessoas que, em tese, são próximas. O motivo pra eu ter ido foi o primeiro aninho da minha sobrinha mais nova, Duda, filha da minha irmã do meio. Abre parênteses- Todo mindo acha estranho quando eu digo que Tati é minha irmã do meio, já que ela é mais velha que eu. O negócio é que somos 3: primeiro veio Janaína, depois Tatiana, e eu sou a caçula. Tati ficou no meio, oras!-Fecha parênteses.
Bom, por sugestão de minha irmã mais velha, fui pra lá no sábado pra ajudar com os docinhos, lembrancinhas e tal e pra não ficar com cara de visita na hora da festa. Achei que seria válido, e foi. Trabalhei muito, foi muito barulhento e eu estou cansada até agora, mas foi legal.Claro que aconteceram aqueles momentos-celebridade: 'Essa é a outra filha de Vandy, Fulaaano, a caçula!' seguidos de um 'Ohhh!' cujas interpretações mais óbvias são de louvor à atitude nobre da mãe das minhas irmãs mais velhas por me receber tão gentilmente. Também há o olhar desconfiado de minha irmã, querendo pegar um delize meu no pulo do gato, para provar a si mesma que eu não sou tão perfeita quanto se pensa, mas existem as compensações.
Existe minha irmã Jana cuidando de mim, existem minhas sobrinhas lindas, espertas e fofas que dizem que 'titia Elisinha é boa' e querem dormir comigo, existe minha sobrinha lindinha e fofinha que chama todo mundo de mã-mã, por isso não estranhou o colo dessa tia aqui, e que ficou uma graça no biquíni que eu dei. Existiu o estreitamento do convívio e existe o meu pai... Passando os dois dias na casa dele eu vi o quanto ele está sozinho. Isso não é bom, mas me fez perceber que eu sou importante pra ele, mesmo que nem ele saiba disso. Observar de perto o sistema da casa do meu pai me fez ver que eu posso mudar alguma coisa. Vai demorar, eu vou precisar de muita paciência e perseverança, mas espero conseguir que ele, ao menos, levante da cama.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Tempo, tempo, mano velho!

Gente, eu não morri, mas me mantenho ocupada para não acontecer isso! Do início do ano pra cá têm acontecido coisas interessantes- e eu já falei com vocês sobre o que eu penso dessa palavra. O casamento de Patty está às portas e estamos com tudo, menos os espaços, no papel bem anotatinho. A noiva está uma pilha, mas nada que não possa ser contornado com alguma paciência de quem a cerca e eu estou tentando fazer a minha parte.
Minha turma se formou numa cerimônia linda, linda! A festa foi massa também e eu me acabei. Deu um frio na barriga pensar que vou passar o semestre todo sem nenhum dos que começou comigo. Deu um pouco de raiva da Comissão de brinquedo que foi criada para a minha formatura e que nem se mexe. As sensações foram muitas, mas eu tive uma surpresa bem legal.E eu também já falei o que penso a respeito de surpresas, né?
A outra coisa dos dias é algo que, se eu for parar pra explicar, vai ficar chato. Estamos chamando do 'contrato' e Marisa Monte sabe falar disso melhor que eu, então lá vai.
A Primeira Pedra
"Quem de vocês
Resiste a uma tentação
Quem pretende revogar a lei do coração
Quem ousaria dessas vozes duvidar
Deixa a sua natureza se manifestar."

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Tem coisa pior

Eu sei que existe coisa muito pior acontecendo por aí. Sei que há dores mais fortes, mais contundentes, porém eu digo, com certeza: passar o Reveillon sozinha dói muito. Eu estava bem decidida a romper o ano vendo tv na minha cama comendo qualquer bobagem que me desse vontade na hora, mas quando ouvi os pipocos dos primeiros fogos me bateu um desespero...
Com o coração aos pulos, coloquei o vestido que havia comprado, calcei as sandálias e saí. Não há ninguém no meu prédio. Estou só no 59. Desci correndo as escadas e fui andar na minha rua, também deserta. Medo. Medo de tudo. O meu maior medo do mundo estava acontecendo ao som dos fogos de artifício que eu nem consegui ver. Fui até a esquina. Voltei pra casa e subi as escadas chorando, pedindo a Deus que meu ano seja novo e bom, por favor.
Pedi forças, pedi amor, paz. Pedi que Ele me ajude a ter sabedoria e a ser mais amável. Há coisas que eu não entendo realmente, não sei quais os seus propósitos, mas preciso acreditar que existe uma razão para cada circunstância. Pedi alguma resignação e para aprender as lições do novo ano da forma mais indolor possível. Pedi para ser feliz de verdade porque eu não aguento mais felicidade meia-boca.
Sorri [Smile]
(Charles Chaplin, Geofreu Parsons e John Turner – Versão: João de Barro)
Sorri,
Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios
Sorri,
Quanto tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador, sorri
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Sorri,
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz