Cotidiano Serelepe

Surpresas e sustinhos da minha vidinha sem-sal

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Eu não disse?

Foi uma negação... mesmo tendo refeito o plano e mesmo com esperanças de que não fosse tudo horrível... foi horrível. No final, o bolo na minha garganta já estava grande demais para ser engolido e foi só alguém chegar mais perto para, em vez de falar, eu começar a chorar.
Ainda bem que, neste ponto, já tinha acabado a minha participação, mas eu quis chorar vááárias vezes durante a aula. Fui pro banheiro e fiquei por lá um tempo, com vergonha da minha idiotice. Droga de hipersensibilidade, droga de sentimentozinho besta de querer ser, ao menos, boa em tudo. Toda a minha vontade é tomar um banho de duas horas, sozinha no banheiro, mas não dá por muitos motivos... Tenho que fazer a pesquisa da outra matéria agora e pra eu ter um banheiro só pra mim vai demorar uns meses...
Pra completar a minha vida e torná-la ainda mais divertida, estou na equipe do jantar essa semana. Uma maravilha!

:/

domingo, fevereiro 24, 2008

Cocós

Caramba, será que todos os coordenadores pedagódicos são iguais ou eu que sou muito ruim? Lá em Salvador eu tive uma coordenadora insuportável, que pegava muuuuito no meu pé e tinha a idéia absurda de que aquela escola era de primeiro mundo. Nada tava bom o suficiente, mas não havia recursos para praticar o que ela queria, nem os meninos alcançavam o que ela queria. Era um samba do criolo doido! Nas aulas de Aquisição de Línguas daqui, cada aluno dirige uma sessão aproveitando o vocabulário da aula anterior e acrescentando mais vocábulos. Após uma semana, estamos com uma lista considerável de palavras soltas e alguns verbos e amanhã é meu dia de dirigir. Usei minha amiga inseparável, a Lógica, e estou desde ontem fazendo o plano pra amanhã.
Pensei: ninguém vai pegar em livro, nem vai ouvir as gravações no fim de semana, então a possibilidade de esquecer as coisas é maior. Já que, nesta sessão, meu objetivo principal é assimilar a concatenação de vocábulos para formar frases, não vejo porquê mudar tanta coisa. Ok, fiz meu plano bonitinho, acrescentei 4 vocábulos e concentrei nas frases com modelo S-V-O (CN) *. Isso tudo para que, semana que vem, quando estaremos liberados para falar, já possamos interagir com a Assistente Linguístico, que é japonesa da gema. Lindo e plausível né? Pois, a Cocó não achou e eu estou refazendo. Acredita que ela não usou nenhuma das minhas idéias? Tinha até brincadeira de vivo-morto! Cara, tô me sentindo mal... Isso só serve pra afirmar o que eu já sei: essa história de sala de aula não é comigo. Espero que fique razoável, pois não tenho mais tanto tempo...

*Sujeito-Verbo- Objeto (Complemento Nominal)

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O tesouro de Quésia

Ontem, quando terminaram as aulas da tarde e eu, cansada, estava me dirigindo para o dormitório, a Quésia veio em minha direção e me pediu um favor. Por três segundos eu pensei 'aiaiai...', imaginando que seria algo que exigiria algum esforço físico ou mental. Horrível admitir isso, mas esta semana eu tenho realmente tanta coisa pra fazer que os 'extras' ficam complicados de cumprir.
Bom, a Késia estendeu a mão e pediu pra guardar seu pen-drive porque ela estava saindo para a cidade e queria se previnir, caso lhe acontecesse alguma coisa, ou com a bolsa. As pessoas ,geralmente andam com pen-drive, MP3 e essas últimas parafernálias tecnológicas pra onde quer que vão, não compreendi de imediato porquê a Quésia pediu pra que eu guardasse seu equipamento. Justo eu, que ela mal conhece. Alguém que só lhe saúda rapidamente nos corredores ou o refeitório. "Por favor, cuide bem. Há 17 anos de trabalho aí dentro."
Quésia trabalha com os índios Tembé, no alto-xingu. Ela foi pra lá há 17 anos, aprendeu a língua, ensinou os donos da língua a escrevê-la e vem trabalhando na tradução da Bíblia para eles nesse tempo. Na minha mão estava a razão de Quésia ter saído de casa pra viver no meio do mato. Dentro daquela coisinha estava o propósito que move a vida dela. Se bandidos quisessem levar sua bolsa, seria um transtorno. Se nesse interim, ela fosse ferida ou viesse a falecer, seria uma grande lástima para todos nós, mas tenho certeza de que seu último pensamento estaria ligado àquela coisinha na minha mão.
Nossa, fiquei tão feliz! Naquele momento o compreendi melhor o que estou fazendo aqui. Deus me mostrou, de novo , porquê eu estou longe do mar e da minha mãe e das minhas pessoas, porquê estava cansada, porquê eu perderia o eclipse da Lua Cheia. Porque Ele tem um propósito nas vidas de outras pessoas e elas ainda nem desconfiam disso. Cada dia que passa eu fico mais ansiosa pelo dia em que vou ser útil.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Agenda

Nossa, essa semana eu vou ter muuuita coisa pra fazer!
Hoje eu tenho um trabalho de Antropologia pra entregar e tenho que começar a ler e escrever o projeto final da matéria. O meu vai ser sobre a organização social dos índios Mehinaku. Detalhe: é para sábado e ela nos avisou ontem! Preciso fazer a transcrição das palavras apreendidas até agora na aula de aquisição de línguas para entregar o Relatório- I sábado também. Tô aprendendo japonês!!!

Eu queria lavar roupa também...

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Ansiedade que me mata

Eu sei que Deus sabe de todas as coisas, que Ele quer o melhor porque me ama e que tem me ensinado as coisas de uma forma bem amável até, mas é aquele negócio que eu digo sempre: Ele tem a eternidade inteira pra me dar uma resposta, só que eu só tenho essa vidinha pra viver a resposta Dele!
Sou grata por essa semana ter passado rápido, estive uma pilha! Tanto que ontem não aguentei e liguei pra mainha. Às vezes, o melhor lugar do mundo é o silêncio do colo da minha mãe. Mesmo quando ela fica com a mão sobre meus olhos e me impede de ver televisão, mesmo quando eu fico inclinada porque suas perninhas curtinhas não alcançam o chão e não podem fazer um 'terreno plano'. Mesmo quando nem tem o colo, só presença, só o calorzinho, só o som das panelas, só a voz. Mesmo quando ela canta altão e esquece a música bem no meio e inventa uma frase pra botar no lugar.
Foi bom ouvir a vozinha dela. É bom não ser só uma árvore. Por majestosa que ela seja, ainda que tenha utilidade... Sei lá, ainda prefiro ser um galho, prefiro pertencer e às vezes essa idéia me assusta...

sábado, fevereiro 09, 2008

Da série: defina-me

Obs.: Nina, por favor, me empresta a sua expressão...

Uma vez ouvi que eu era uma "garrafa de Coca-cola, daquelas de vidro. Uma fórmula secreta dentro de um recipiente frágil e de belo contorno." Gostei da explicação...
Muitos anos antes, ouvi que "pra ser a Mônica só faltavam o Sansão e os dentes grandes". Daí eu perguntei se a pessoa, por acaso, tava me chamando de gorda também!
Essa semana eu ouvi que "sou uma batida de coração". A-do-rei!

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Post Relatório

A última semana foi bem agitada e aconteceu um monte de coisas que eu até gostaria de contar em detalhes, mas estive -na verdade estou- sem tempo pra net e tem chovido bastante, circunstância que nos deixa sem conexão por causa dos raios. Eu já expliquei isso antes? Nem sei. Mas é isso: quando troveja o pessoal desliga todos os cabos por máquinas já terem sido danificadas antes.

Quinta- Fim da primeira matéria e tempo ocioso à noite. Falta do que fazer, chuva, frio, isso tudo faz a gente voltar a umas origens que gostaria de ter deixado para trás. Eu sou horrível!... Há coisas acontecendo, Pessoas. Por enquanto, é tudo o que posso fornecer como informação a respeito.
Sexta- Cara de paisagem. A professora de Lingüística nos chamou para passar o dia na casa dela. Choveu muito! Toda vez que a gente sai pra passear é assim! Ela é muuuito legal, creio que vale a pena manter contato.
Sábado- Fomos eu, Matheus e os filhos da Heliana prum show de crente no Parque de Exposições. Foi razoável... Muitas bandas que eu nunca ouvi falar, fazendo um barulho ensurdecedor - coisas de show. Daí teve uma banda que só eu gostava e uma de reggae que eu já conhecia, mas como não entendia nada do que falavam, nunca dei crédito. Só que o show dos caras é massa!!!! Dancei e tudo, nem sei o que deu em mim! Claro que não vou comprar o Cd, nem vou ouví-lo em outras ocasiões, mas já dá pra não fazer mais cara feia. Voltamos de madrugada.
Domingo- Eu estava escalada pra ficar na cozinha no café, mas a Heliana me liberou e eu só fui pra ajudar com o almoço. Odeio cozinha e o mundo todo sabe disso. Pior que cozinhar na minha casa é fazer isso para 30 pessoas. Eu pensava que sabia fazer arroz, ledo engano. Reduzí-me à minha insignificante condição do cortadora de temperos e fazedora de sadadas com um bolo tepeêmico na garganta, mas eu não chorei.
Segunda- Matéria nova: Antropologia Cultural. Difícil não é, na verdade, é a aula mais prazerosa até agora, entretanto é uma matéria que dá trabalho pra se mostrar assimilada. Estávamos malacostumados com as matérias anteriores que nos deixavam com as noites livres. Na volta da sala de aula, à noite, eu resolvi fazer achocolatado pra todo mundo. Qual foi o meu espanto quando percebi que nem um mísero nescau eu sei preparar! Fiquei tão mal, mas tão mal que joguei tudo fora e fui pro quarto chorando. Besteira, eu sei, mas como ouvi de quem tem me ouvido ultimamente (sim, achei alguém em quem confiar), "eu juntei tudo".

Por enquanto é só. Aliás, não é não, mas não dá pra dizer. ainda não.