Cotidiano Serelepe

Surpresas e sustinhos da minha vidinha sem-sal

sábado, dezembro 29, 2007

É complicado escrever...

Os dias têm sido de despedidas, coisa que eu detesto tanto como levar um susto. Ontem fiz minha primeira visita à Lara Viana Pimentel, que tem carinha de top model e nome de socialite, mas certamente vai ser Presidente de algo bem importante! Já na escada, prestes a voltar pra casa, resolvi olhar pra trás quando Fred perguntou "Ainda nos vemos?" e não contive as lágrimas quando os vi na porta, os quatro, como num quadro.
Até então só tinha chorado em casa e no ônibus, quando via o mar, mas vê-los ali me fez lembrar de tudo o que a amizade daquela família representa para mim. Lembrei das vezes que a doçura de Rafa me fez acreditar que vale a pena lutar pelas virtudes; da voz e o silêncio de Freddy, demonstrando sua admirável paciência inteligente; os expressivos olhos verdes de Patty e sua capacidade enxergar além das trivialidades. Quanta força o amor que eles têm me passa, quantas lições me ensina... Foi mesmo uma excelente aquisição!
Estou levando um álbum das minhas pessoas e eles estão lá. A foto foi tirada nos meus 25 anos, quando comemorei numa espécie de boite aqui. Patty dorme cedo, mas foi e estava bem animada. Freddy geralmente não dança, mas até arriscou uns passinhos. Enfim, eles estão bem na foto, mas eu não vou esquecer do quadro de ontem; esse eu vou guardar no coração.
Daqui a sete dias eu já estarei lá...

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Conceito

Independência é não ter um marido que não deixa você ir ao aniversário de uma amiga de séculos só porque 'vai terminar tarde'!
Nessas horas eu a-do-ro minha solteirice viu?

terça-feira, dezembro 11, 2007

Últimos dias

Sensação estranha essa. Parece que tudo o que eu vejo vai sumir, então olho fixamente, tentando guardar tudo dentro de mim. Vou sentir suadades de minha terra viu? Muita mesmo. Quando fui pra Minas, passar um minúsculo fim de semana, já chorei horrores no avião de volta quando vi o contorno iluminado de Salvador, imagine agora...
Será que lá tem ipês? Não sei quantas pessoas têm, mas eu tenho uma árvore favorita e não sabia o nome dela até Leo dizer, este ano, que se chama Ipê Rosa. Ela começa a florescer no início de novembro e agora, finzinho do dezembro as flores começam a cair e o chão em volta fica todo rosinha... Tem ipês em Salvador toda. Será que lá tem ipês?
Dizem que lá o Sol é esquisito e o vento não é carinhoso. Tenho saído sem protetor solar e aproveitado cada brisa que bagunça meus cabelos chapados. Não tenho nenhuma foto no Farol da Barra, o que só confirma a tese "a gente só dá valor quando perde". Não lembro o que estava fazendo em fevereiro desde ano, mas não lembro de ter ido à Barra olhar a Lua Cheia, só sei que ano que vem não vou de novo e pensar nisso me dói.
Me dói que vou perder certas coisas... O primeiro ano de Ana Júlia, que sorri e levanta os bracinhos pra mim hoje, mas não vai mais lembrar daqui um ano. Vou perder as primeiras peripércias de Larinha. Os 60 da minha mamãe. O mutirão da mudança do prédio da Igreja. A formatura da última leva de colegas da Caótica. Tem amigos que não vejo há milênios e não vai dar tempo de ver todo mundo de forma significativa. Queria levar todos em álbum, queria levar tudo na mala...

domingo, dezembro 02, 2007

180º rumo ao Distrito Federal!

Pessoas, minha vida vai mudar e dessa vez o assunto é sério!!!
Todo mundo aqui sabe que eu sou apaixonada pelos índios desde o terceiro semestre da facul, né? Sabendo disso, Linda; minha amiga querida e mãe de Gu, portanto minha ex-sogra; meses antes de ir para a África, me entregou um folheto da Sociedade Internacional de Linguística o qual eu guardei no meu Diário de Papel durante os últimos anos.
Todo mundo sabe também que eu entrei em crise depois da formatura e me senti uma inútil no último semestre e blábláblá. O ponto é que eu sempre tive medo de duas coisas. Coisa 1: linguística é difícil pacas e eu não conseguiria estudar de forma satisfatória aqui em Salvador. Coisa 2: o mato! Tá bom que eu gosto dos índios, me preocupo com o extermínio físico e cultural dos povos, mas daí a achar ótimo ficar no meio do mato, longe de tudo o que me dá segurança e conforto é bem diferente. Essa idéia sempre me pareceu assustadora e sempre me fez desistir, mas isso agora mudou.
Tanto mudou que eu estou me preparando para ir, de mala e cúia, para Brasília fazer o Curso de Linguística e Missiologia (CLM), na Missão ALEM a partir de 7 de janeiro. Pessoas, vou pro além!!! rsrs Sem brincadeiras, vou fazer o que sonho há tempos e, de quebra, atender o chamado que Deus tem me feito desde que eu tenho uns 10 anos. Tá, nunca falei sobre isso, mas é verdade, eu tenho o que os crentes costumam chamar de 'chamado missionário', mas sempre fugi disso porque, na real, não é uma vida fácil. A diferença é que eu cansei de lutar com Deus.
Sempre pintei o quadro mais feio do que o que é, fazia uma imagem estereotipada dos missionários e nunca quis passar por nada daquilo que ouvia nos relatórios. Era sempre coisa do tipo "o país onde eu trabalho está em guerra e caiu uma bomba no meu bairro, mas graças a Deus não foi non meu telhado!". Linda mesmo já teve 3 malárias!!! Mas a coisa tem seu lado bom... é um trabalho que tem grandes recompensas imateriais. Pela primeira vez em muuuuito tempo, estou em paz! Uma paz que excede o entendimento...
Já estou com saudade de tudo aqui.