+ Luto no 59 +
Quando minha mãe veio morar aqui, tinha menos idade do que eu tenho hoje e, dos 16 apartamentos do prédio, havia mais 3 ocupados, além do nosso. Um deles, no nosso andar, morava uma casal recente que se desfez quando eu já tinha uns 4 anos. O motivo: ele foi embora com a vizinha do 302, uma dessas tragédias que fazem as pessoas começarem a morrer por dentro.
Tia Mercês terminou de morrer ontem. A medicina disse que foi uma diabetes que ela nunca cuidou. Um ferimento nos dedos que infeccionou, tomou o pé e a perna. Seria preciso extirpar, mas ela não deixou. Depois da separação, ela se entregou a Murphy e nunca se tomou de volta.
Seu carisma em vida levou muita gente ao cemitério. Eu não consegui vê-la no caixão, não passei da porta. Prefiro lembrar da minha festa de 10 anos, quando as coisas estavam muito, muito difíceis aqui em casa e ela fez um monte de chocolate quente e três bandejonas de brigadeiro, pôs velas com as letras do meu nome em dez deles e mandou eu chamar meus amiguinhos. É difícil olhar pra porta dela e saber que não a verei mais, não vou mais rir de suas piadas, nem a ouvirei falando que ia decorar o prédio com flores no dia do meu casamento, eu quisesse ou não.
2 Comments:
Nossa...é o 3° blog que entro hoje,que fala sobre a perda de um ente querido.Ah,os seres humanos,são tão complexos...é por este motivo,que não consigo levar as minhas relações à sério,cresci vendo minha família inteira se separando,e sei que vai acabar acontecendo quando tudo perder a graça.
Vamo falar de coisa boa?Chocolate?Huuuum,adoro!
Sei que momentos como esses são difíceis, mas lembre-se de agradecer a Deus por ter te dado Tia Mercês. Não a conheci, mas sinto carinho pela forma que tratava essa nossa menina, hoje mulher, Maria.
Estou rezando/orando por ela.
Postar um comentário
<< Home