Cotidiano Serelepe

Surpresas e sustinhos da minha vidinha sem-sal

terça-feira, julho 04, 2006

ah, não tem título não!

Estou outra vez diante de uma coleção de escritos pensando se me livro deles ou os deixo me lembrarem de não cometer os mesmos erros. A Psicologia é uma ciência engraçada! Tem muitas vertentes, mas elas concordam que passamos por ruas específicas em direção à cura de nossos males. Dentre elas estão negação e raiva, das outras eu não lembro, mas quando chegar lá eu olho a placa, certo?!
Esse poema aí embaixo é meio triste e se vc for daquelas pessoas que criam imagens enquanto lêem, pode ser que seus olhos fiquem marejados. Bom, eu enxergo uma pessoa idosa no velório de seu amor, outra pessoa idosa. Eles vinham de caminhos distintos, se encontraram e seguiram numa outra direção, juntos. Viveram muitos anos inebriados de luz e sonho até que um deles morreu e o outro não pode fazer nada além de tremer e temer diante da solidão que será sua companhia na outra metade do caminho da vida.
'No meio do caminho' é o meu favorito há muito, muito, muito tempo e é um dos pouquíssimos que eu tenho de cor. Aliás, esta expressão 'de cor' é bem apropriada. Ela vem do latim e tem a ver com o coração. Na época, a pró de Latim explicou assim: as memórias ficam na mente e as recordações fazem emanar os sentimentos. Eu o achei no meio dos escritos e resolvi(de novo) não jogar nada fora, por enquanto.

Nel Mezzo del Camin
Olavo Bilac

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigada eu vinha
Tinhas a alma de sonhos povoada
E a alma de sonhos povoada eu tinha

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada tive
Da luz que o teu olhar continha

Hoje segues de novo...Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece
Nem te comove a dor da despedida

E eu, solitário, volto a face e tremo
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo